terça-feira, 29 de junho de 2010

A manifestação da vida


A manifestação da vida


No mais profundo interior de todos os seres existe a primacial força que faz com que vivam. A mesma força suporta a matéria inorgânica no sistema de harmonias e ritmos da grande existência cósmica. No Budismo, essa força total é denominada por muitos nomes, porém o mais apropriado é Myoho, a Lei Mística. Essa é a energia de que precisa toda a vida, que cria e recria a existência, tanto a espiritual como a material.

Quando essa força se manifesta no mundo físico, aparece como um sistema de que governa o mundo inorgânico, que torna possível a composição química e que controla as pulsações do Universo. Em outras palavras, as leis da Física, da Química e da Astronomia são simplesmente particulares manifestações fenomenológicas da Lei Mística do cosmo. Da mesma forma, a força vital cria o mundo do espírito, cria a inteligência, dá força aos desejos e aos instintos e, assim, produz todas as variações da atividade mental e espiritual. É o que em outras religiões é chamado de Deus, mas diferente da Divindade Maior pelo fato de ser perfeitamente imanente no cosmo e na vida humana. Não é uma força fora do Universo. É o próprio cosmo. A verdadeira natureza do cosmo e da vida é a fusão das leis física e espiritual da vida. É o processo que cria a existência e a faz desdobrar-se infinitamente. (Vida - Um enigma, uma jóia preciosa - pág.28)

Sugiro que leiam várias vezes esse trecho e façam o Daimoku. Uma luz profunda emerge de nossa mente e percebemos que tudo à nossa volta corresponde a nós próprios. Não há, na essência, diferença alguma entre nós, todos os seres vivos e o ambiente. Apenas com base no princípio de Itinen-sanzen (Três mil mundos numa existência momentânea da vida) é possível perceber a clareza do conceito dos "Três princípios da individualização" (Sanseken), especialmente o primeiro deles, dos cinco componentes ou agregados – “Go-on seken” (forma, percepção, concepção, volição e consciência).


Somos parte integrante do Grande Universo que se resume no Myoho. Portanto, recitar o Nam-myoho-rengue-kyo, faz emergir o absoluto mundo do Estado de Buda, porque este é a vida do próprio Universo.

Ainda, a frase ensina-nos um conceito que, historicamente os seres humanos não conseguiram decifrar: a manifestação dos fenômenos. Os fenômenos naturais fizeram com que as pessoas das diversas civilizações percebessem uma "força maior" por detrás deles e, por desconhecimento, chamou os próprios fenômenos de "deuses". Isso deu origem ao conhecido conceito do politeísmo (muitos deuses). O "Deus" monoteísta (único Deus), cultivado por apenas três religiões do mundo (Cristianismo, Judaísmo e Islamismo), aproxima-se mais do conceito budista sobre a Lei Mística. O budismo não é teísta nem ateísta, portanto, não se aplicam também os conceitos monoteísta ou politeísta.

o nome "Catolicismo", criado no Século IV, por Constantino, tem sua origem da palavra grega "katholikós", que quer dizer "universal". É uma conjunção de "Kathos" que significa "juntos" e "Holikós" ou "holus" que quer dizer "todo" - ou "todo junto". A base conceitual é a mesma da Lei Mística, a própria vida do Universo.

A diferença é a Lei Mística que expressamos na recitação do Nam-myoho-rengue-kyo e a crença em algo ou alguém antropomórfico criado pela imaginação humana, como seu próprio criador.

Há uns dois meses atrás, tentei responder a uma questão sobre "qual seria a relação do budismo com termos como "advaitismo" e "momismo", já que não se aplicam o teísmo ou ateísmo?".

São termos não usuais no nosso dia a dia, e fazem parte da linguagem voltada mais ao esoterismo e utilizados por estudiosos sobre budismo e teologias.

"Advaitismo", dentro do "Monismo", é o conceito originado da teoria da criação sobre a vida e o universo, em que "criador" e "cria" são a mesma coisa. Ou seja, não há distinção, por exemplo entre Deus e o Homem.

Já "momismo" é a crença de um único criador ou Deus, ou ainda origem de tudo. Falar em "momismo budista" seria dizer "qual a concepção budista sobre a origem da vida?"

Como sabemos, pelos conceitos budistas, o universo e a vida não têm origem por serem eternos e infinitos. Portanto, na concepção budista, a vida sempre existiu e sempre existirá, como energia cósmica que se manifesta onde houver ambiente favorável.

Por isso, "O advaitismo budista não é a mesma coisa que o monismo", como teria dito um estudioso chamado Suzuki. Embora, do ponto de vista do budismo, a "Lei manifesta nas pessoas e estas são a própria Lei", não se aplica a teoria criacionista.

É comum dizermos também que "quando morremos, a vida deixa o nosso corpo". Analisando com mais profundidade, creio que não é bem assim. Se a vida é infinita e eterna, porque é a própria vida do Universo, é mais lógico dizer que "quando morremos, o corpo abandona a vida". Uma vez que o corpo é finito, ele é que deixa de existir e não a vida. Da mesma forma, "a vida, então, não se funde com a vida do universo - ela já é fundida com o próprio universo"! - coisas para se pensar...

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